COMO INGRESSAR E CRESCER NA ÁREA AMBIENTAL: CONSELHOS DE UM ESPECIALISTA PARA NOVOS PROFISSIONAIS

Prof. Me Biólogo Odiel Carvalho

QUEM FAZ TRANSFORMA

Laug Insight

2/20/20255 min read

Em um mundo repleto de podcasts de duas horas e vídeos longos com pouca objetividade, nós escolhemos ir na contramão: aqui, você vai encontrar entrevistas no formato artigo – rápidas, diretas e profundas o suficiente para gerar insights de verdade.

A ideia é simples: em menos de 5 minutos de leitura, você consegue extrair aprendizados valiosos sobre trajetórias, decisões e caminhos profissionais. Sem enrolação, sem perder horas do seu dia. E claro, para quem quiser mergulhar mais fundo, conteúdos complementares virão em outros formatos.

Nesta edição do quadro "Quem Faz Transforma!", nossa conversa é com o Professor Odiel Carvalho, biólogo de formação e mestre em Tecnologias Ambientais pela UFMS. Com uma trajetória marcada por especializações em ecotecnologias, inovação e educação profissional, ele é uma referência sólida quando o assunto é carreira ambiental.

1. Que conselhos você daria para os jovens biólogos (demais areas ambientais) que estão saindo da universidade e querem atuar com sustentabilidade e meio ambiente?

Meu principal conselho é: nunca pare de aprender. A base da carreira ambiental está no aprofundamento (especialização) e na ampliação (conhecimento multidisciplinar). Ou seja, ao mesmo tempo em que você escolhe uma área para se especializar, mantenha a mente aberta para outras disciplinas como economia, sociologia, direito ambiental e inovação. Sustentabilidade exige uma visão ampla, crítica e sistêmica. Também recomendo buscar mentores e experiências práticas o quanto antes — elas aceleram a curva de maturidade profissional.

2. Como o conhecimento em inovação e ecotecnologias pode ser uma vantagem competitiva para o profissional ambiental?

Inovação e ecotecnologias são o presente e o futuro do setor ambiental. Elas transformam desafios ambientais em oportunidades concretas de negócios, produtos e soluções. Um profissional que domina esses temas tem condições de atuar em projetos de alto impacto, criar soluções sustentáveis e se destacar no mercado. Mais do que isso: ele pode gerar valor real para empresas, governos e comunidades. Conhecer e aplicar ecotecnologias significa oferecer alternativas inteligentes para mitigar e compensar impactos ambientais — algo cada vez mais valorizado.

3. A área ambiental tem muitas vertentes. Que caminhos você acredita que estão mais promissores para os próximos anos?

As áreas com maior potencial de crescimento incluem:

  • Serviços ambientais: licenciamento, consultorias, auditorias ambientais e educação ambiental.

  • Tecnologias sustentáveis: reciclagem, reaproveitamento de resíduos, energias renováveis e bioeconomia.

  • Economia verde: modelos de negócio baseados em impacto social e ambiental positivo.

  • Ecossistemas digitais: uso de dados e geotecnologias para monitoramento ambiental.

Além disso, a transversalidade é um diferencial. Um profissional que domina temas técnicos e consegue dialogar com áreas como comunicação, educação ou direito ambiental está mais preparado para atuar em contextos diversos.

4. Como você vê a evolução do mercado de trabalho para os profissionais da área ambiental nas últimas décadas?

O mercado amadureceu. Se antes as oportunidades eram quase exclusivas do setor público, hoje há um crescimento expressivo do setor privado, de ONGs e até de startups ambientais. Ao mesmo tempo, a cobrança por resultados sustentáveis está cada vez mais forte — o que exige profissionais mais preparados. O futuro do trabalho ambiental será híbrido: técnico, empreendedor, articulador e comunicador.

5. Professor, para quem está começando agora, o que é essencial saber sobre o mercado de trabalho na área ambiental?

É essencial entender que o conhecimento técnico é a base, mas não é suficiente. O mercado valoriza quem tem postura proativa, visão sistêmica e capacidade de resolver problemas reais. É preciso buscar constantemente atualização, entender a linguagem do mercado, conhecer marcos legais, e estar disposto a aprender com diferentes áreas. Networking, participação em eventos e atuação em projetos voluntários também fazem a diferença.

6. Há espaço para atuação empreendedora na área ambiental? Como o profissional pode explorar esse caminho?

Sim, e o espaço é cada vez maior. O empreendedorismo ambiental vai desde consultorias especializadas até negócios sociais e soluções baseadas na natureza. Para quem está começando, o caminho pode ser:

  1. Ganhar experiência como consultor ou educador ambiental.

  2. Identificar dores reais do mercado.

  3. Desenvolver soluções técnicas com base na sustentabilidade.

  4. Validar ideias em pequenos projetos ou editais públicos.

  5. Construir uma rede de parceiros, investidores e apoiadores.

A chave é unir propósito com viabilidade técnica e econômica.

7. Em sua experiência, quais foram os erros mais comuns que viu em jovens profissionais iniciando na área ambiental?

O principal erro é achar que o diploma é o fim do aprendizado. Outro erro comum é se isolar em apenas uma área de conhecimento, ignorando o valor da interdisciplinaridade. Além disso, muitos deixam de desenvolver habilidades interpessoais, de comunicação e de articulação — todas fundamentais para liderar projetos e trabalhar em equipe. Por fim, falta visão de futuro: muitos profissionais não traçam metas nem planejam sua carreira a longo prazo.

8. Quais são os principais setores que mais contratam profissionais ambientais hoje?

  • Educação e instrutoria ambiental.

  • Consultoria e licenciamento ambiental.

  • Empresas com políticas de ESG (ambiental, social e governança).

  • Organizações do terceiro setor (ONGs, fundações, institutos).

  • Órgãos públicos e fiscalização ambiental.

9. Quais são as áreas de atuação mais comuns para biólogos e outros profissionais ambientais no Brasil?

As duas principais são:

  • Área pedagógica: ensino básico, técnico ou superior; educação ambiental em escolas, empresas e projetos sociais.

  • Área técnica: licenciamento, gestão de resíduos, monitoramento da biodiversidade, recuperação de áreas degradadas e consultorias especializadas.

10. Um profissional formado em Administração, Direito ou Engenharia pode atuar na área ambiental? Como ele pode fazer essa transição?

Sim, e com grande potencial. A transição começa pela especialização. Cursos técnicos ou pós-graduações em gestão ambiental, direito ambiental ou engenharia ambiental ajudam a criar essa ponte. Além disso, a experiência prática em projetos e a obtenção de certificações ou registros profissionais, como no CREA ou CRBio, aumentam a credibilidade. O mercado precisa de profissionais com visão ambiental em áreas como gestão de projetos, compliance, legislação e inovação tecnológica.

11. Quem já tem uma carreira consolidada em outro setor, mas deseja migrar para a área ambiental, por onde deveria começar?

Pelo autoconhecimento e pela observação das oportunidades ao redor. O ideal é começar participando de projetos ambientais, cursos livres e eventos do setor. ONGs e movimentos locais são excelentes portas de entrada. Depois, vale buscar uma especialização e alinhar sua experiência anterior com as demandas ambientais. Por exemplo: um engenheiro pode aplicar soluções sustentáveis em obras; um administrador pode estruturar negócios verdes. A chave é compreender que a sustentabilidade não exclui, ela integra.

Conclusão

O mercado está cada vez mais exigente, mas também mais aberto à inovação, ao empreendedorismo e à interdisciplinaridade. Não se trata apenas de salvar florestas ou proteger espécies, mas de redesenhar as formas de existir, produzir e conviver. Para quem está começando ou migrando de área, o segredo não está em saber tudo de uma vez, mas em se manter em movimento — estudando, se adaptando, e, principalmente, enxergando o meio ambiente não como um setor, mas como o pano de fundo de todas as escolhas que fazemos. Afinal, entender o meio é entender a vida.